Classificação GHS: Quais as classes de perigo conforme a ABNT NBR 14725:2023
Com o aumento gradativo da tecnologia, do desenvolvimento industrial e da necessidade de consumo humana, não se pode imaginar a vida sem o uso de produtos químicos. A cada dia são desenvolvidos novos processos industriais, novos produtos e novas substâncias. Mas juntamente com os benefícios desta constante modernização, surgem as preocupações relacionadas com o uso excessivo de produtos químicos. Um passo fundamental para o uso seguro de produtos químicos é a identificação dos perigos do produto e também a organização destas informações, de modo que possam ser transmitidas aos trabalhadores e usuários de forma clara e de fácil entendimento. Antigamente as legislações para regulamentar o uso de produtos químicos perigosos se restringiam aos agrotóxicos e, somente a partir de 1998 atingiram os produtos químicos em geral.
Conforme foi se percebendo a necessidade de uma legislação que classificasse o perigo dos produtos químicos, cada país desenvolveu e colocou em prática a sua própria regulamentação.
As leis ou regulamentações criadas em cada país eram similares em muitos aspectos, mas suas diferenças eram significantes o bastante para resultarem em diferentes classificações para o mesmo produto químico. Por causa destas variações nas definições de perigo, um produto químico poderia ser considerado inflamável em um país e não inflamável em outro país. Ou ainda, poderia ser considerado cancerígeno em um país, mas não em outro. O reconhecimento deste problema levou à um desejo gradativo de uma harmonização global de classificação de perigo pelas autoridades responsáveis por controlar as leis de produtos químicos. Integrar dados e unificar sistemas de classificação e rotulagem de produtos químicos pareceu ser um importante objetivo para comunidades e associações internacionais, já que isto poderia tanto eliminar substancialmente os perigos ao meio ambiente e à saúde quanto reduzir efetivamente os erros cometidos pelos mercados globais. Foi então que surgiu o GHS.
O que é o GHS?
O GHS – Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos, também conhecido como Purple Book, foi resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro, a Eco 92.
‘’Até o ano de 2000 deve-se dispor, se possível, um sistema de classificação de riscos e rotulagem harmonizado mundialmente, incluindo-se fichas de segurança e símbolos de fácil compreensão’’ (DESENVOLVIMENTO, 1995).
O intuito foi fornecer um sistema harmonizado de classificação das substâncias químicas por tipos de perigos, rótulos e fichas de segurança para assegurar que as informações sobre perigos físicos e toxicidade dos produtos químicos estivessem disponíveis.
A ONU publicou então, em 2003 a primeira edição do Purple Book, o qual vem sendo atualizado constantemente de dois em dois anos e atualmente está em sua 10ª revisão (GHS, 2023).
Estão, entre os objetivos do GHS, aumentar a proteção da saúde humana e do meio ambiente e facilitar o comércio internacional de produtos químicos cujos riscos foram apropriadamente avaliados e identificados em uma base internacional.
No Brasil, o GHS se tornou obrigatório em 2011, através da NR-26, A Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego, que cita que:
“26.4.1.1 O produto químico utilizado no local de trabalho deve ser classificado quanto aos perigos para a segurança e a saúde dos trabalhadores, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos – GHS, da Organização das Nações Unidas.
26.4.1.1.2 Os aspectos relativos à classificação devem atender ao disposto em norma técnica oficial.”
A norma oficial a qual a NR-26 menciona é a ABNT NBR 14725, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que trouxe para o Brasil a versão do GHS em português e adaptada ao mercado nacional.
No dia 3 de julho de 2023 uma nova versão da ABNT NBR 14725 foi publicada, a qual segue a 7ª Revisão do GHS. Essa atualização foi muito importante, já que a norma NBR 14725 não passava por um processo de revisão grade há mais de 10 anos. Além do que, agora, está mais harmonizada com as regulamentações de outros países.
A classificação de perigo de acordo com o GHS exige a avaliação criteriosa de fontes de informações primárias e secundárias sobre as propriedades intrínsecas do produto e seus ingredientes, a fim de se determinar os perigos físico-químicos, toxicológicos e eco toxicológicos, conforme critérios que definem o grau ou categoria do perigo.
Essa classificação harmonizada permite, conforme critérios do GHS, a aplicação de regras para extrapolação dos perigos de ingredientes para novas formulações e misturas.
A norma NBR 14725 é dividida em 6 capítulos, sendo o capítulo 5 o mais extenso e importante, pois compreende os critérios de classificação para todas as classes de perigo. Há um total de 31 classes de perigo listadas no GHS e na ABNT NBR 14725, divididas em 3 segmentos, sendo eles Perigos Físicos, Perigos à Saúde e Perigos ao Meio Ambiente.
Classes de perigo GHS
Das 31 classes de perigo, 17 são caracterizadas como perigos físicos, 11 são classes de perigos à saúde e apenas 3 são os perigos ao meio ambiente. Veja quais são cada uma delas:
Perigos Físicos:
● Explosivos
● Explosivos dessensibilizados
● Gases Inflamáveis
● Aerossóis
● Gases Oxidantes
● Gases sob pressão
● Líquidos Inflamáveis
● Sólidos Inflamáveis
● Substâncias e misturas autorreativas
● Líquidos pirofóricos
● Sólidos pirofóricos
● Substâncias e misturas sujeitas a autoaquecimento
● Substâncias e misturas que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis
● Líquidos oxidantes
● Sólidos oxidantes
● Peróxidos orgânicos
● Corrosivo para os metais
Perigos à Saúde:
● Toxicidade Aguda (Oral, Dérmica e/ou Inalatória)
● Corrosão/Irritação à pele
● Lesões Oculares graves/Irritação ocular
● Sensibilização à pele
● Sensibilização Respiratória
● Mutagenicidade em células germinativas
● Carcinogenicidade
● Toxicidade à reprodução
● Toxicidade para órgãos alvo específicos – Exposição única
● Toxicidade para órgãos alvo específicos – Exposição repetida
● Perigo por aspiração
Perigos ao meio ambiente:
● Perigoso ao meio ambiente aquático – Agudo
● Perigoso ao meio ambiente aquático – Crônico
● Perigoso à camada de Ozônio
A compreensão das classes de perigos do GHS desempenha um papel essencial para garantir uma utilização segura de produtos químicos na indústria. A classificação de perigos pode ser considerada como a base da pirâmide de segurança nesse contexto, pois com a correta classificação e interpretação dos perigos do produto, faz-se a comunicação aos trabalhadores, através de rótulos e fichas de segurança. E, através de uma comunicação eficaz, torna-se possível desenvolver e implementar um plano de gerenciamento de riscos, permitindo o monitoramento e controle adequados de exposição a produtos químicos.
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